Sabe aquele remédio que você compra na farmácia da esquina?
O nosso sistema econômico tem como alicerce aquilo que todos nós sabemos existir e que, por vezes, as nossas necessidades nos deixa que escape do senso crítico:
O LUCRO.
Sempre me causa incômodo o lucro que dois tipos de indústrias obtêm:
1) Funerária
2) Farmácia
Penso que, talvez inconscientemente, os donos desse tipo de empresa, ficam torcendo para que alguém morra ou fique doente. Caso contrário, irão à falência!
Fiz uma pesquisa sobre a indústria farmacêutica e descobri o que se segue.
Numa clínica, enquanto se aguarda o atendimento, é comum aparecer homens e mulheres (trajes impecáveis) e de MALETA nas mãos. Muitas vezes eles até passam na nossa frente!
Pois é, esses profissionais são representantes das indústrias de remédios, cuja missão é DAR UMA CANTADA NOS MÉDICOS a fim de VENDER a marca que está representando.
Teoricamente, esse profissional deve levar as informações técnicas dos medicamentos através de informatuivos e amostras grátis para que os médicos possam indicá-los. Mas na prática não é só isso que acontece. Esses representantes oferecem:
* brindes diversos
* convites para almoços
* ofertas de viagens
* idas a congressos com tudo pago
* E DINHEIRO!!!
Isso mesmo, DINHEIRO. Determinadas quantias acabam criando um vínculo de negócio entre o médico e o representante. Por exemplo, se a quantia for simpática, o médico se compromete a receitar aquela marca por um número "X" de vezes.
Essa prática é levada também aos balconistas das drogarias. Alguns balconistas são pagos para anotar o nome do médico DAS RECEITAS apresentadas ou tentar "empurrar" um medicamento "mais barato" e que "faz o mesmo efeito".
Há até o que é chamado de MARKETING SUSTENTÁVEL. Que bicho é esse?
É o seguinte: para inovar nas estratégias de "cantadas" aplicadas nos médicos, algumas indústrias farmacêuticas substituem os brindes e ofertas por CURSOS que atendam às necessidades dos médicos. Um curso de finanças, por exemplo.
Tudo, não podemos esquecer, PARA QUE O MÉDICO RECEITE aquela marca.
Muitos laboratórios também passaram a investir nos genéricos, aqueles remédios que não se submetem aos encargos de uma marca, divulgando apenas o seu princípio ativo.
Sabe aqueles profissionais da maleta? Pois é, quando eles vão fazer a lavagem creberal nos médicos com a marca que estão representando, aproveitam para "empurrar" também os genéricos.
Outro esquema comumente usado para lucrar com remédios é o convite feito a alguns médicos para promoverem palestras sobre determinado produto.
Abaixo, descrevo um depoimento interessante:
Era um dia frio de outono na Nova Inglaterra, em 2001, e o amistoso representante da Wyeth Pharmaceuticals me visitou em meu consultório em Newburyport, Massachusetts, para me convidar a fazer palestras a outros médicos sobre o uso do Effexor XR como remédio para a depressão. A Wyeth forneceria as ilustrações para as palestras e me pagaria um curso que me ensinaria a falar melhor em público.
Eu visitaria os consultórios de outros médicos na hora do almoço e receberia US$ 500 por sessões de almoço informativo. Os honorários subiriam para US$ 750 caso eu tivesse de viajar mais de uma hora de carro. A empresa bancaria uma viagem de "treinamento de professores" a Nova York, onde eu seria mimado em um hotel da região central de Manhattan por duas noites, além de receber um "honorário" adicional.
Eu tinha um consultório psiquiátrico movimentado, e minha especialidade era a psicofarmacologia. Conhecia bem o Effexor, e havia lido estudos recentes segundo os quais o medicamento poderia ser ligeiramente mais eficiente que os remédios conhecidos como SSRI, os antidepressivos mais comuns - Prozac, Paxil e Zoloft, por exemplo.
"SSRI" quer dizer inibidor de regeneração seletiva de serotonina. O remédio eleva a presença do neurotransmissor serotonina, um produto químico que o cérebro produz e ajuda a regular nossos humores.
O Effexor estava sendo comercializado como inibidor duplo de regeneração, o que significava que ele elevava ao mesmo tempo a serotonina e a norepinefrina, outro neurotransmissor.
A teoria promovida pela Wyeth era a de que dois neurotransmissores com certeza seriam melhores que um. Eu já havia receitado Effexor a diversos pacientes, e o remédio me parecia trabalhar no mínimo tão bem quanto os SSRI.
Se eu fizesse palestras a clínicos sobre o Effexor, arrazoei, não estaria violando a ética. A Wyeth talvez se beneficiasse, mas os demais médicos também obteriam vantagens, porque receberiam mais informação sobre um bom remédio.
Poucas semanas mais tarde, minha mulher e eu estávamos no saguão do luxuoso Millenium Hotel, em Manhattan. Na recepção, me foi entregue uma pasta que continha o cronograma das palestras, um convite para diversos jantares e recepções, além de dois ingressos para um musical da Broadway.
Comecei a sentir certa dor na consciência. O dinheiro investido parecia excessivo, se o objetivo do grupo farmacêutico era simplesmente que eu instruísse os médicos que trabalham em pequenas cidades ao norte de Boston.
Depois de aumentar a sua renda e ganhar confiança no medicamento que divulgava, Daniel Carlat, psiquiatra que viveu essa experiência, decobriu numa pesquisa que o tal medicamento provocava um incidência de hipertensão nas pessoas tratadas com a droga. O psiquiatra foi pego por um peso na consciência:
Pensando no ano que passei trabalhando para a Wyeth, me pergunto se representar a empresa me levou a fazer coisas que não deveria. Meu conselho teria convencido médicos a fazer más escolas de medicamentos, e com isso teriam seus pacientes sofrido de maneira desnecessária?
(Daniel Carlat é professor assistente de Psiquiatria Clínica na Escola de Medicina da Universidade Tufts e editor do Carlat Psychiatry Report.)
Mais:
Você já viu aquele cartaz que divulga informações sobre determinada epidemia e que, logo em seguida, divulga o nome de um medicamento? Pois é, não é preocupação das farmácias em orientar a população não, essa é mais uma estratégia das industrias farmacêuticas. Assim, é comum encontrar campanhas sobre depressão, impotência, obesidade, diabete etc. Um exemplo recente foi que se viu nas campanhas informativas sobre a gripe H1N1.
Aqui, junto às informações sobre a gripe influenza, ver-se a propaganda da PRÓPHARMACOS.
Hoje em dia não são raras as notícias sobre apreensão de medicamentos controlados à base de farinha, feitos em fundo de quintal.
Tudo isso prova o quanto o LUCRO está cegando muitas pessoas, que valorizam mais a renda do que a vida alheia.
O correto é que o Governo tivesse a responsabilidade de providenciar os medicamentos para a população, tratando todo tipo de medicamento como um bem-comum, não como uma moeda de especulação financeira.
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